domingo, 15 de fevereiro de 2009

Auto Flaner

O ócio deixa bastante tempo livre para se pensar sobre a vida e para se sentir. Sentir se a vida está boa de verdade. Durante as férias tive bastante tempo para sentir, consequentemente, tive vários momentos de inspiração para escrever. Hoje estava me lembrando a quanto tempo eu não escrevia e cheguei a uma conclusão: nunca mais tinha escrito porque estava tão ocupado estudando e trabalhando que não havia tempo de sentir mais nada. Só sentia o 'arroz com feijão' de todo dia. Sentimentos sem a menor intensidade ou importância.

O trabalho, que dizem as más línguas que dignifica o homem, não permite que aproveitemos a vida. Deixa-se de viver apenas para sobreviver [bip bip: frase feita detectada]. Apenas sobreviver não é o bastante para mim. Não deveria ser o bastante pra ninguém. O trabalho como ferramenta apenas para se ganhar dinheiro não dignifica ninguém. Torna as pessoas desumanas. O que nos diferencia das máquinas e dos animais são a racionalidade, a dádiva de sentir e a imaginação. Quando apenas se trabalha não se sente e nem se pensa. Nos tornamos tão burros e insensíveis quando uma máquina. Deixamos de ser humanos para ser apenas úteis. Tão úteis quanto um burro de carga ou uma vaca de leite.

sábado, 24 de janeiro de 2009

Loucura


Se existe alguma coisa pior que sentimentos ruins é a falta de sentimentos. Não sentir nada é como não viver. Muitos vivem em busca de um sentido para a vida. Eu tenho minha razões para acreditar que os sentidos da vida são sentir e acreditar. Sentir tudo que há para sentir e acreditar no que você puder acreditar. Na minha vida acreditar não é uma constante. Na verdade não é nem mesmo uma inconstante. Está mais para uma ausência. Quando não se acredita só se resta uma coisa para motivar a viver: sentir. Sem isso não se vive; apenas se sobrevive. Com isso, chegamos ao X da questão: hoje eu não sinto nada. Acordei como todo mundo. Sentindo fome, sede, amando, sentindo dor... mas no decorrer do dia aconteceram coisas que me fizeram não sentir mais. Não me pergunte o que. Nem eu mesmo sei direito o que foram.

Para tentar voltar a sentir, com uma insônia instigante, me levantei e fui escutar música. Tentar sentir alguma coisa. Escutei músicas de bandas suicidas [não que elas tenham se matado, mas letras como 'Like drinking poison, like eating glass' e 'My suicidal dream/ Voices telling me what to do/ My suicidal dream/ I'm sure you will get yours too' pra mim são bem suicidas], música psicodélica para aguçar os sentidos... Nenhuma funcionou. Mas eis que surge uma esperança: escrever. Você pode não acreditar nisso, mas letras salvam vidas. Inclusive vidas de sentimentos. Com isso, decidi escrever. Mas nesse momento esbarrei no primeiro desafio: sem sentimento não se escreve.

Em um texto escrevi que sou vazio e que não tenho sentimentos, que não amo. Agora afirmo: eu amo na mesma proporção que tenho raiva. Você está presenciando em forma escrita uma mudança evidente de estado: da ausência de sentimentos à raiva. Nem eu mesmo sei de que tenho raiva. Você pode tentar adivinhar: pode ser de não conseguir dormir, de não estar no controle da situação, de não conseguir ficar à vontade dentro de mim, nem em pé, nem sentado, nem deitado, da vida não ser exatamente como eu quero... Quem sabe? Talvez deus saiba. Mas se ele tiver as respostas pra tudo lhe garanto que pra mim ele não deu nenhuma.

Dizem que 'de médico e de louco todo mundo tem um pouco'. Não te afirmo olhando nos teus olhos devidos as impossibilidades metafísicas, mas peço que acredite: tenho muito mais de louco do que você imagina. Sei que para algumas pessoas isso pode ser bem nítido e pode estar até levando para o lado da brincadeira. Alguém pode estar pensando com ironia: 'o Elih? Maluco? Quem poderia imaginar algo assim?'. Não brinque com isso. Loucura é algo sério. A loucura que me motiva a sentir. Graças a ela busco intensidade de sentimentos em filmes que te causam apenas arrepio, talvez um pouco de medo em você, mas sempre controlado por aquele acordo silencioso que você faz para acreditar durante aquela média de uma hora e meia que aqueles absurdos são de verdade. Pra mim tudo isso é mais intenso.

Mas calma, minha loucura é apenas a desculpa para não perder a razão. Dizem por ai que não se pode falar de nós e de nossa época sem se citar a loucura. Não só da esquizofrenia, mas também a doideira de se trabalhar, querer ter filhos e tentar educá-los para que tenham um comportamento aceitável para a sociedade, acreditar em coisas que não se pode ver, amar, ter raiva... como você pode notar a loucura movimenta tudo que a maioria das pessoas acha sãs. Com isso encerro revelando o objetivo real desse meu texto: dividir com algum possível leitor, às duas e quarenta e dois da madrugada um momento de sanidade real.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Ostra feliz não faz pérola.

Se algum dia pareci feliz não tenha dúvida. Era mentira. Não digo que não estava feliz, mas não sou feliz e nem quero ser. Comecei o ano com votos de mudança, de felicidade, fazendo promessas de não me preocupar com o futuro. Entretanto, mais uma vez vou desmentir o que já escrevi e me preocuparei apenas com uma coisa: o futuro. Você não deve estar entendendo o porquê disso. Calma. Vamos começar do começo.

Não tenho a menor preocupação com o mundo (acho que por isso escolhi ser publicitário, quero mesmo que as pessoas se fodam). Contudo, digo agora. Tenho uma preocupação com o futuro: 'quero ser lembrado'. Cheguei a essa maldita conclusão meio a uma bendita entrevista do ilustre Ruben Alves. As palavras foram: ostra feliz não faz pérola. Deixe-me dar uma de professor e explicar a frase. Quando um grão de areia entra numa ostra acontece uma espécie reação alérgica. O grão de areia fere a ostra. Para se proteger, 'ela faz' um tumor. Esse tumor é a pérola. Ou seja, ele quis dizer que quem não sofre nunca contribuirá com as artes. Chegou a dizer que quem é feliz não deveria nem mesmo tentar contribuir e sim apenas gozar da sua felicidade. Na minha opnião todo artista deveria ser ateu, pobre e um apaixonado não correspondido. Por isso disse que não quero ser feliz.

Sempre soube que quem sofre é que produz boa arte (nunca esqueço dos bêbados, mesmo quando não sofrem são artistas). Não ouvi nada novo, mas já tendo escutado outras partes da entrevista senti uma vontade inexplicável de ser lembrado. Mais ainda, de ser lembrado por 'minha arte'. Veja que paradoxal: um publicitário querer ser lembrado por sua arte. Se tivesse a virtude de ser publicitário e artista poderia deixar de ser um semi-deus e me elevar ao status de deus.

Refletindo sobre isso, cheguei a uma conclusão animadora (pelo menos pra mim): eu posso ser artista. Comecei a poder no dia que comecei a escrever experiências [gosto de chamar de ensaios]. Tenho consciência que apenas brinco com as letras. Não sou artista (portanto ainda não sou deus) porque a arte deve ter preocupações estéticas. O artista deve ter a preocupação não só estética, mas também com o prazer da leitura e como disse, não me preocupo com as pessoas. Não me preocupo com você.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Só beberei pra comemorar.

Minha última postagem de 2008 foi tão negra e obscura. Busquei apenas desabafar sobre um fato específico. Voltei aqui para falar apenas bem. Bem de 2008 e bem do que mais tiver acontecido de bom. Brindar ao excelente! Falo pelo menos por mim (não me esforçarei para conter os parênteses, eles que são vilões de verdade). Serei completamente parcial. Excluirei todas as coisas más.

Disse, e agora repito: com o passar do ano eu busco evolução. Olhar para o ano de 2008 e ver que durante esse período eu fiz coisas interessantes alimenta minha vontade de ser uma pessoa melhor. Lembrar e dizer:
- Eu sou mais inteligente, mais legal, mais interessante e mais outras coisas boas que em 2007.
Durante o ano que passou 'trabalhei' muito (com relação a antes desse ano), fiquei mais apaixonado, conheci gente legal [e um monte de chatos (apesar de eu ser legal com todo mundo e não dizer o quanto são insuportáveis)], aprendi muito, produzi coisas legais (disse que só falarei de coisas boas, não citarei as coisas ruins que produzi), sonhei bastante e principalmente procurei viver um dia de cada vez.

Entre tudo isso que citei (que não são as únicas) existem coisas melhores que outras. Entretanto a mais importante delas são as amizades que fiz e fortaleci. Não estou falando de amizades de Orkut. Falo do que acho que seja amizade de verdade. E como disse, serei parcial. Citarei nomes.
Bateria: Lulu, Rafael, Wânyffer, Alana (apesar de estar um pouco chateado com ela, digo mermo!), Natália, Eduardo, Larissa, Geórgia, Marry, Vanessa, Danilo, Camila, Thatiana.
Ala das Baianas: Rômulo, Renata, Rubens, Kalliany (não é erro de digitação, o nome dela é esquisito assim mesmo), Adisson, Alanna, Davi, Tainah, Diva.
Alegoria (não levem a mal, é que quase não vejo mais): Vanessa, Elaine, Fabíola, Isadora, Mikhael (nem sei se está vivo), Emanuelle, Luma.

[Papinho clichê: On mode]
Ano passado, também amei demais. Agora não falo mais dos meus amigos. Falo de algo mais profundo. Fui plenamente apaixonado. Não sou apaixonado pela vida, mas sim por uma pessoa. Por uma mulher. Terminei o ano sabendo que amei muito e que ainda amarei mais ainda. Te amo, Livinha.
[Papinho clichê: Off mode]

Por fim, digo que só terei um meta. Só beberei para comemorar. Nunca tento ser feliz porque não acredito em felicidade plena, mas tentarei mudar. Buscarei ser feliz e continuar vivendo um dia de cada vez sem a menor preocupação com o futuro. Beberei para comemorar a forma como passo por cima das coisas ruins e brindar às coisas que importam.